Publicado em 23/11/2014, às 18h18
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Foto: Wilson Dias / Agência Brasil |
A gripe aviária voltou a preocupar a comunidade internacional por conta dos surtos que estão acontecendo na Europa, além das recentes mortes no Egito e na China. O surto na Europa começou no início de novembro em uma fazenda de perus da Alemanha, uma fazenda do estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental. Holanda e Reino Unido também já apresentaram fazendas contaminadas. O tipo de gripe aviária da Europa é a H5N8, que apesar de nunca ter sido identificada em humanos, um recente surto na Coreia do Sul já levou ao sacrifício de milhões de aves para impedir a expansão da epidemia. No caso do Egito, o tipo do vírus é o H5N1 e três pessoas já morreram neste ano em função da doença.
A infectologista Nancy Bellei, pesquisadora de vírus respiratórios da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explica que o principal problema da gripe aviária está no fato de nem sempre ser possível identificar o animal que carrega o vírus. “Alguns tipos de influenza como o H5 e o H7 podem ser muito patogênicos para algumas aves, principalmente para as domésticas. Para aves migratórias, eles não são tão patogênicos: elas se infectam, mas não manifestam a doença, então funcionam basicamente como depositórios desses vírus. O H5, por exemplo, altamente transmissível, pode matar uma ave doméstica como galinha ou pato em menos de 24h”, explica.
Bellei explica que existe um protocolo para quando uma ave doméstica morre e em 24h morre outra. Segundo a infectologista, o criador é orientado sobre a possibilidade de algumas doenças específicas, entre elas a gripe aviária. “Os países que recebem aves migratórias têm todo um mapeamento e uma vigilância. Se eles já tiveram casos de gripe aviária, eles vão estar sempre de olho. É fácil perceber quando acontece o surto, é fácil de perceber. Começa a morrer um animal atrás do outro e em três dias morre o plantel inteiro”, explica.
A Organização Mundial da Saúde dos Animais (OIE) afirmou que os surtos de gripe aviária que foram registrados na Alemanha, na Holanda e no Reino Unido podem ter uma relação entre eles. O motivo é que o vírus muitas vezes é transmitido pelo intermédio dos pássaros selvagens. Segundo o Departamento do Meio Ambiente, Alimentos e Assuntos Rurais, o risco para a saúde pública ainda é muito pequeno e medidas de segurança foram tomadas. Existe a possibilidade de o surto ter sido levado para a Europa por pássaros migrantes vindos da Ásia, onde recentemente milhões de aves sul-coreanas foram exterminadas em função do vírus.
Nancy Bellei explica que, por conta das rotas feitas pelas aves migratórias, o Brasil teria uma probabilidade baixa de apresentar casos da gripe. “Nós recebemos aves do Canadá e de toda a costa dos Estados Unidos e nossas aves vão para a Patagônia e outras regiões. Se você começar a ter casos na América do Norte ou Central, isso é um risco. Como não está tendo, de certa forma estamos preservados de transmissão por aves migratórias. Existe ainda uma vigilância no Brasil pela importância da exportação de carne de frango. A maior parte da nossa produção é industrial e esse tipo de produção requer toda uma questão sanitária para que não exista o contato dessas aves com aves migratórias. O Brasil nunca teve esse problema e há uma vigilância”, aponta
Segundo apontam os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), desde 2003 até o princípio de outubro deste ano, foram confirmados 565 casos de H5N1 em humanos, notificados oficialmente por laboratórios. Nesse período, foram 16 países contaminados pela gripe aviária e 311 vítimas fatais. Outra morte recente em decorrência de gripe aviária aconteceu na China, No último dia 15 a OMS foi notificada sobre três casos de infecção humana de gripe aviária tipo H7N9 confirmados por laboratório, incluindo uma morte.
Gripe aviária em humanos
Apesar do perigo, a transmissão de gripe aviária para o homem não é tão simples, de acordo ainda com Bellei. Além disso, a infectologista explica que os surtos de gripe aviária são muito rápidos e com alta letalidade e, por conta disso, é fácil identificar o momento em que o surto estiver contido. “Não é de fácil transmissão para a espécie humana, geralmente são pessoas que tiveram contado com aves infectadas ou mortas. O clássico é você ter a epidemia por contato com aves contaminadas ou uma vila onde aconteça um surto por conta do acesso comum à água, por exemplo. A importação e o transporte de aves são suspensos até que não se tenha mais mortalidade de aves”, conta.
Um dos principais temores em relação ao vírus influenza está na modificação do vírus, que pode evoluir para formas novas e mais perigosas. Segundo a infectologista Nancy Bellei, a taxa de mutação do vírus é uma das mais altas que existem, principalmente quando comparada com a taxa de vírus como HIV ou sarampo. A OMS aconselha os viajantes que pretendem ir para países com focos conhecidos de gripe aviária que evitem se aproximar com granjas ou entrar em contato com os animais em mercados de aves vivas. Além disso, a organização recomenda prestar atenção para não entrar em contato com superfícies suspeitas de terem sido contaminadas com fezes de aves e de outros animais.
As informações são do Jornal do Brasil.
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